A razão da utilização de loendros no meio das autoestradas não é meramente decorativa. Os loendros, durante o seu crescimento, cobrem rapidamente o espaço divisório entre estradas ou sentidos de circulação. Em concreto, ao separar os sentidos de marcha, melhora-se o fluxo de trânsito e eliminam-se as colisões frontais. Por outro lado, separam visualmente as correntes de circulação em ambos os sentidos e evitam os encandeamentos de noite, provocados pelos faróis dos veículos que se cruzam connosco.
Outra vantagem dos loendros é o efeito amortizador de impacto face a um despiste de qualquer veículo para o meio da via. A invasão do sentido contrário vê-se interrompida, em parte, pela presença de arbustos, que poderão evitar o seguimento brusco do veículo numa trajetória descontrolada. Em todo o caso, os loendros reduzem a severidade do impacto, absorvendo uma parte da energia cinética do veículo e ao restabelecendo a sua trajetória. Portanto, a plantação de loendros é feita tendo em conta a sua qualidade, bem como a sua localização, para se adaptar aos planos de segurança rodoviária, orientação para o condutor e visibilidade, especialmente nas intersecções e curvas.
Nas bermas e nos meios das estradas os matagais ou arbustos que acompanham os loendros poderiam considerar-se perigosos quando os seus ramos adquirem certa robustez. Está demonstrado que quando se circula a velocidades superiores a 50km/h, o impacto de qualquer veículo contra partes fixas da via, ainda que sejam naturais, provoca danos consideráveis, não só materiais, mas também pessoais. Por outro lado, a rigidez dos loendros não teria o nível de contenção desejado, caso se encontrem perto da berma da estrada ou se estiverem protegidas com as barreiras laterais metálicas de segurança, os rails. No entanto, a colocação destas plantas não deveria ter apenas em conta a robustez, mas também a sua orientação, pois os seus ramos poderiam ocasionar mais danos, face a uma simples saída gradual da via.
O abandono da manutenção dos loendros provocaria a invasão da zona asfaltada e, em consequência, as obstruções visuais sobre o terreno e a perda de visibilidade dos condutores. Além disso, parte desses ramos poderiam ocultar os sinais verticais da estrada. Não podemos esquecer-nos de que as suas raízes podem crescer e afetar o solo alcatroado, criando lombas potencialmente perigosas para a condução.
A plantação de loendros tem de permitir a vista da paisagem e evitar o efeito túnel nos condutores, pelo que também deve ter troços de forma descontínua para evitar a aparição repentina e reação violenta do condutor perante animais soltos.
A característica principal que define o comportamento de qualquer tipo de sistema de contenção de veículos é a sua capacidade e impedir que um veículo saída da via e evite o impacto contra qualquer obstáculo. Esta capacidade avalia-se mediante o ensaio dos sistemas de contenção com diferentes tipos de impacto com veículos. Para o caso que nos ocupa, os loendros não são atenuadores de impacto, nem faixas de travagem face a uma emergência porque não existem ensaios sobre a sua composição e conveniência.
Pois bem, chegados a este ponto, três argumentos a favor e outros três contra. Pode ser que existam mais, mas ficamos com os mais importantes. A questão é refletir sobre os loendros, a sua conveniência ou não, para melhorar, se for possível, a segurança rodoviária nas nossas estradas.